A Organização Mundial de Saúde define a telemedicina é como “a provisão de cuidado onde a distância é um fator crítico”. Nela, “os profissionais utilizam tecnologias de informação e comunicação para o intercâmbio de Informações válidas para o diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças. Atividades de educação continuada de profissionais de saúde, pesquisa, monitoramento e avaliação para melhoria da saúde de indivíduos e suas comunidades”.
Atualmente, as pessoas de todas as idades sentem-se mais confortáveis com o uso da tecnologia digital, incluindo, além de microcomputadores e tablets, os telefones celulares e suas câmeras digitais. Apesar da disponibilidade de ferramentas e equipamentos com custo relativamente baixo, o desenvolvimento da telemedicina segue muito aquém do ideal.
A pandemia da COVID-19 exigiu resposta rápida, obrigando os serviços de saúde a oferecerem maior acesso às consultas à distância. Ao ser utilizada, neste período de grande demanda, reduziu a necessidade de avaliações presenciais, de deslocamentos, de exposição a pessoas com a infecção, aliviou a pressão sobre os recursos de saúde, seus custos e a sobrecarga do pessoal envolvido na assistência. Para isto, seguiram-se urgentes e necessárias adequações na legislação, na possibilidade de prescrição e solicitação de exames laboratoriais e nos mecanismos de reembolso, incluindo muitos convênios e cooperativas de cuidado médico.
A Dermatologia é uma das especialidades que mais se adequa a realização de atendimentos à distância. Isto se deve à possibilidade de diagnóstico visual a partir de imagens. Videochamadas por aplicativos permitem o intercâmbio de informações em tempo real, de forma síncrona. Ainda, pode ser utilizado o sistema de “store-and-forward” no qual as imagens são armazenadas e remetidas ao especialista que oportunamente as analisa e responde.
A imagiologia digital de alta qualidade apoia o diagnóstico precoce e a triagem, o que pode evitar tratamentos mais dispendiosos para fases avançadas da doença. A documentação fotográfica é útil para o paciente e para o profissional
Vários estudos já demonstraram a eficiência e a eficácia da teledermatologia em um amplo espectro de condições dermatológicas, incluindo o câncer de pele. Consultas iniciais podem prover uma forma de acesso mais rápido no caso de queixas específicas, problemas agudos ou em progressão. Isto pode representar uma economia de tempo e recursos. Permite o planejamento de Cirurgias podem ser planejadas à distância e exames complementares que podem ser solicitados. Por sua vez, reconsultas e acompanhamento de condições crônicas e são especialmente aplicáveis à teledermatologia, facilitando o monitoramento dos resultados e eventuais efeitos colaterais. Reforça a adesão aos tratamentos e consequentemente traz melhores resultados. É fácil entender por que a teledermatologia é utilíssima para pessoas fora de grandes centros, onde é, em geral mais difícil o acesso a especialistas. Além das consultas oferecidas diretamente a pacientes, a teledermatologia pode ser extremamente útil para a colaboração entre profissionais e para suporte a médicos gerais e a outros especialistas.
Assim, a utilização da teledermatologia pode significar melhor aproveitamento do tempo para o médico e para os pacientes e pode reduzir o tempo de espera para obtenção de consultas. Além disto, reduz os deslocamentos desnecessários e seus custos.
Existem, no entanto, limitações no uso da teledermatologia. Algumas pessoas, ainda tem dificuldade para utilização dos equipamentos e aplicativos. As plataformas de consultas, muitas vezes, são de difícil utilização, com frequentes dificuldades de acesso que desgastam o profissional e o paciente. O mesmo ocorre com relação à qualidade de conexão. A qualidade das imagens nem sempre são ideais. Isto pode ser minorado com orientações padronizadas quanto à distância e iluminação. A utilização da câmera frontal sempre é preferível. A consulta à distância também não permite a palpação das lesões, o que é muitas vezes fundamental, assim como a avaliação de toda a pele (exame dermatológico) e quando necessário da cavidade oral, genitais, gânglios linfáticos e demais passos do exame físico geral. Também, fica impedida a identificação de lesões que não tenham sido apontadas como problema pelo paciente. Por isto, uma consulta presencial pode ser exigida. Esta, no entanto, pode ser agendada de acordo com elementos objetivos e, conforme a urgência, ser priorizada pelo profissional ou haver necessidade de encaminhamento a serviços médicos de urgência dotados de recursos diagnósticos.
A relação médico-paciente é um pilar da prática médica, é imprescindível para o diagnóstico, mas a ele não se limita. É ainda mais importante em seus aspectos terapêuticos quando gera confiança e promove a adesão ao tratamento. Ao contrário do que possa parecer, a relação empática pode ser estabelecida à distância. Além da necessidade de acolhimento empático do profissional existem cuidados a serem mantidos também quando da consulta à distância: um ambiente reservado e sem interrupções, o contato visual, a garantia do sigilo e da utilização apropriada das imagens, a disponibilidade de reavaliações, sejam à distância ou presenciais, permitem o estabelecimento de uma relação robusta e efetiva.
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